Com a abertura do mercado de energia, o comportamento do consumidor deve mudar



A partir de janeiro de 2024, os consumidores classificados no Grupo A terão a possibilidade de migrar para o mercado livre de energia, independentemente de sua demanda contratada. Essa mudança é especialmente relevante para comércios, prestadores de serviços e indústrias
de médio porte, que, ao saírem do mercado cativo e migrarem para o ambiente de contratação livre, ficarão menos suscetíveis às flutuações governamentais de preço e oferta.

Essa transição possibilitará ainda que o cliente negocie preços, prazos e condições que melhor atendam às suas necessidades, diretamente com os fornecedores, algo que não ocorre no mercado cativo. “Tomemos como modelo uma indústria de sorvete. Esse tipo de empreendimento vai utilizar mais energia em sua produção nos períodos mais quentes do ano e, em menos, nos meses mais frios. O mesmo modelo de contratação estará também nas mãos do varejo. Uma loja, por exemplo, que consome mais energia das 10 horas às 18 horas, poderá ter uma melhor customização em seus contratos e assim reduzir seus custos operacionais”, explica o CEO da Kroma Energia, Rodrigo Mello.

Segundo o calendário do Ministério de Minas e Energia (MME), em 2028, as classes residencial e rural também terão o direito de sair do mercado cativo, como ocorre em outros países. Ou seja, as famílias também poderão escolher seu fornecedor, como já fazem hoje com provedores de internet e serviço móvel de telefonia. Tal realidade, por consequência, muda o comportamento do consumidor pessoa física, que passa a ter poder para escolher de qual fornecedor vai adquirir a eletricidade que usará em sua casa. 

“Consumidores vão buscar cada vez mais participação ativa na descarbonização da economia, exigindo eletricidade oriunda de produções sustentáveis, como eólica e solar. Outra tendência é a digitalização do processo de compra de energia, que precisa se tornar democrático, horizontal e fluído”, garante Marcílio Reinaux, Executivo Comercial da Kroma Energia.

O especialista em energia, Luiz Barroso, pontua algumas adaptações fundamentais que o setor energético terá que fazer diante desse novo perfil de consumidor. “Questões ambientais, percepções de valor, serviços adicionais à energia elétrica, como seguros para os aparelhos eletrodomésticos, aluguel de medidores inteligentes e até incentivos como sorteios de bicicletas ou viagens, serão fatores importantes para que o consumidor tenha uma experiência positiva em sua interação com este novo mundo”, destaca o consultor e diretor-presidente da PSR Consultoria.

Mello ressalta que, ao fazer parte de um mercado totalmente liberalizado, o consumidor se tornará mais engajado, buscando simplificação e exigindo soluções diferentes por parte das distribuidoras. “Trata-se de alguém que produz, consome, armazena, gera e transaciona energia”, afirma.

O CEO da Kroma vai além da abertura do mercado de energia e chama atenção para um fator primordial: informação e educação financeira. “O consumidor precisará obter mais conhecimento para garantir êxito financeiro na compra de energia e na sua utilização apropriada. Diante dessa realidade, estamos pensando em formas de ajudar na disseminação de informações. Já planejamos a realização de palestras educativas, focadas em economia e consumo inteligente”, conclui.

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