Movimento Preá Limpo: comunidade se une para conscientização e ações em prol da coleta seletiva

 


Com instalações de lixeiras, mutirão de limpeza e blitz educativas, a iniciativa já removeu mais de 80 caçambas basculantes de resíduos nas vias públicas
 
 
A produção de lixo tem crescido de maneira exponencial em todo mundo. Lançado em fevereiro, o relatório Global Waste Management Outlook 2024 mostra que a geração de resíduos sólidos domiciliares deve crescer 80% até  2050, passando de 2,1 bilhões de toneladas ao ano para 3,8 bilhões, caso não haja uma mudança nos padrões de produção. 
 
Além do volume de lixo gerado, outra preocupação é o descarte desses resíduos, que normalmente não é feito de maneira adequada, causando mais poluição ambiental. De acordo com o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2023, lançado pela Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (ABREMA), cerca de 33,3 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos tiveram destinação errada em 2022, indo parar em lixões a céu aberto, valas, terrenos baldios e muitas vezes nas próprias ruas das cidades. 
 
Este cenário pode ser visto na Praia do Preá, vila localizada no município de Cruz, a 12  km de Jericoacoara. Motivados pela realidade do lixo tomando conta da região, os moradores criaram o Movimento Preá Limpo, incentivando a coleta seletiva e um estilo de vida mais saudável. A iniciativa teve início em meados de dezembro, quando a advogada Kátia Avian, incomodada pela situação do lixo que tomava conta das ruas, começou a conversar com os vizinhos para se mobilizarem, propondo que cada um fizesse as próprias lixeiras para coleta e pudessem se unir para financiar àqueles que não tinha condições. Em janeiro deste ano, as atividades foram oficializadas com a criação de um grupo no WhatsApp. 
 
“Somos um Movimento, já começamos agindo. Não houve um momento de fazer o projeto e executar, fizemos reuniões e começamos a agir. A principal atividade é a conscientização. Após as primeiras reuniões, nós identificamos por onde começar e demos início às ações”, explica Kátia. 
 
Atualmente o movimento conta com 96 membros, subdivididos em três grupos de atuação. Os grandes geradores são os responsáveis por conversar com as empresas e levantar recursos; os pequenos geradores conversam com a população; e os educadores apresentam o grupo para crianças e professores em todas as escolas do Preá.
 
Para viabilizar a iniciativa, o Movimento Preá Limpo tem contado com parcerias para o levantamento de recursos necessários. Entre as empresas apoiadoras está a GAV Resorts, construtora envolvida em projetos sociais na comunidade. “Acreditamos que a conexão entre comunidade, poder público e privado tem a capacidade de transformar o local no qual estamos inseridos, possibilitando que as ações ganhem a devida proporção através do trabalho conjunto. É isso que buscamos, essa conexão com a comunidade, apoiando o Movimento Preá Limpo, e outras ações também”, explica Léu Couto, consultor estratégico da GAV Resorts. 
 
Intervenções realizadas
 
Durante os meses de atuação, o Movimento Preá Limpo já realizou algumas ações de conscientização. A primeira delas foi em janeiro, quando o grupo saiu às ruas com camisetas personalizadas, ímãs de geladeira com informações sobre a reciclagem e muita vontade de ver a mudança acontecer, conversando com comerciantes e moradores do centro da cidade para convidá-los a fazer parte. 
 
Além disso, já realizou um mutirão de limpeza, contando com o apoio de retroescavadeiras para a remoção de lixos, entulhos e podas de árvores localizadas em vias públicas. Os resíduos recolhidos em dois dias de ação foram o equivalente ao volume de 80 caçambas basculantes.
 
No dia 30 de março, Dia Internacional do Lixo Zero, o grupo fez uma nova campanha, por meio de uma blitz educativa, abordando os motoristas nas ruas para falar sobre o Movimento e entrega dos ímãs. Além das duas ações maiores, o Movimento também trabalha com mudanças diárias, como instalação de lixeiras recebidas por doação e ecopontos. 
 
“Nós percebemos uma melhora geral, no que diz respeito à conscientização. As pessoas percebem as melhorias e falam conosco. Mas o impacto ainda é mínimo perto de tudo que precisa ser feito. Há ainda uma resistência muito grande e uma cultura que precisa ser trabalhada”, finaliza Kátia.
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