O Ceará apresenta um panorama desafiador e promissor no setor da educação superior, marcado por avanços em matrículas e pela consolidação de instituições privadas, mas também por altas taxas de evasão e desigualdades socioeconômicas. De acordo com o estudo mais recente do Instituto Semesp, o estado registrou 205 mil matrículas na modalidade presencial e 141,9 mil no Ensino a Distância (EaD), reafirmando o domínio das instituições privadas, que concentram 88% da oferta de cursos.
Enquanto o EaD cresceu 21% entre 2022 e 2023, a modalidade presencial enfrenta maior estagnação, com dificuldades de atrair novos estudantes devido aos custos mais altos. A mensalidade média dos cursos presenciais no estado é de R$ 1.132,00, contra R$ 348,00 no EaD. Esse fator, aliado à flexibilidade do ensino remoto, tem impulsionado a busca por cursos a distância, especialmente em regiões fora da capital.
A Região Metropolitana de Fortaleza concentra a maior parte das matrículas no ensino superior, com 47,7% dos alunos no EaD e 58% no presencial. Essa centralização reflete não apenas a oferta de infraestrutura, mas também o desafio da interiorização do ensino, que carece de políticas públicas mais robustas para democratizar o acesso à educação em cidades menores.
Um dos pontos críticos é a alta taxa de evasão: apenas 22,3% dos alunos que ingressam no ensino superior concluem seus cursos. Além disso, a desigualdade racial persiste. Dados da PNAD revelam que, enquanto 35% dos jovens brancos entre 18 e 24 anos estão cursando ou concluíram o ensino superior, essa taxa cai para apenas 20,4% entre pretos e pardos.
Inovações e tendências
De acordo com Carlos Eduardo Sena, gerente comercial do Inbec, para superar esses desafios, as instituições de ensino têm investido em inovações como cursos híbridos e tecnologias de inteligência artificial, que personalizam a experiência de aprendizado. "O uso de plataformas digitais e a adaptação de currículos em módulos, com certificações intermediárias, também têm ganhado espaço como alternativas para atrair estudantes que precisam trabalhar durante a graduação", afirma.
Perspectivas para o futuro
O crescimento do número de pessoas com ensino superior completo no Ceará – que passou de 468 mil em 2016 para 756 mil em 2022 – aponta para um potencial expressivo de transformação econômica e social. No entanto, é crucial enfrentar os desafios de inclusão, evasão e desigualdade para garantir que a educação superior seja um motor efetivo de desenvolvimento no estado.
A partir de iniciativas que ampliem o acesso e a qualidade do ensino, o Ceará poderá consolidar sua posição como referência regional em educação superior, alavancando não apenas índices educacionais, mas também oportunidades de mercado e inovação.