Pedra Silva Celebra dez anos de carreira com exposição "Mandingueira"




Primeira exposição individual da multi-artista cearense iniciou  no Museu de Arte Contemporânea do Ceará no dia 18 de janeiro

Neste primeiro trimestre de 2025, a multiartista Pedra Silva celebra uma década de produção e pesquisa artística com uma série de ações que culminam em sua estreia em exposições individuais. Intitulada Mandingueira, a mostra foi inaugurada no dia 18 de janeiro no Museu de Arte Contemporânea do Ceará (MAC-CE). As obras apresentadas possuem uma narrativa contra-colonial nas artes visuais, tomando os saberes de terreiro como fonte epistemológica e base perceptiva.

A exposição se dedica à construção da identidade travesti a partir da ancestralidade, buscando estabelecer uma "trancestralidade" que emerge da historiografia dessas vidas, por meio de registros humanos e não-humanos. A ativação da exposição está sendo realizada pela própria artista, acompanhada de irmãos e irmãs de santo do terreiro ao qual pertence, por meio da aparição urbana Defumação para Afastar o Alzheimer Colonial. Além disso, a instalação performática Nutrir a Seiva da Corpa está todas as terças-feiras de janeiro no Teatro Dragão do Mar, com sua última apresentação programada para o MAC-CE.

Mabel Castro, coordenadora do Núcleo de Articulação Territorial do Centro Dragão do Mar, resume o impacto do trabalho da artista: “Falar da arte de Pedra Silva é firmar no compasso da história a comprovação de que nossos corpos trans são poesia, magia e ancestralidade. Ela traz com sua produção a lembrança de que, quando vivas, produzimos lugares de não mortes. Pedra Silva é começo, meio e começo, lembrando que sua arte nos reconecta com nossas histórias pretas e trans, conduzindo-nos ao sonho do real que está sendo construído pelas nossas presenças nos mais diversos espaços: o sonho da vida. A pessoa trans quando contratada, entrega performance de alta qualidade e profundas reflexões sobre o mundo contemporâneo, causando fissuras em toda a estrutura racista e transfóbica”.

Para Pedra Silva, "O acesso de pessoas trans aos equipamentos públicos, às políticas públicas e aos editais é construído a partir da formação de equipes, da criação de discursos e de uma filosofia anti colonial que esteja alinhada à elaboração artística. Trata-se de um movimento de retomada e reorganização. Ter a presença de pessoas trans e travestis nesse contexto é um ato de semear narrativas positivas", afirma a artista performática.

Para encerrar o ciclo de comemorações dos dez anos de arte, em março serão realizadas as performances Romaria para Reviver as Mortas e Farmácia Viva Grátis. Essas apresentações ocorrerão, respectivamente, no Dragão do Mar e no Theatro José de Alencar e integram as convocatórias Cena Ocupa e TJA, ambas geridas pelo Instituto Dragão do Mar em parceria com o Governo do Estado do Ceará.

Conhecendo Pedra Silva

É uma travesti de pele marrom em processo de retomada identitária. Macumbeira, artista, arte-educadora e pesquisadora das encruzilhadas, atua em territórios artísticos expandidos, transitando por performance, intervenção urbana, colagem, desenho digital, instalação (tipo de obra que utiliza o espaço como elemento fundamental), games, artes cênicas e outras mídias que se entrelaçam para a criação e sustentação de imaginários contra-coloniais. No centro de sua prática educacional e cultural está a exploração das estéticas macumbeiras, que elaboram mitospoéticas de contra-feitiços, revitalizam tecnologias de cura afropindorâmicas e destacam o corpo e suas gestualidades como um arquivo vivo e transgressor.


Sinopse do Espetáculo: Nutrir a Seiva da Corpa


Antes de nascer a cabeça, havia a Cabaça, o Orí. Nesta porção redonda e curvilínea, o satélite ancestral reatualiza os documentos do corpa-transporte que dança e canta em louvor a quem já foi fazer morada na terra. Quando o Orí se mostra adoecido e fraco os odus - caminhos - perdem a dimensão espiralar, assim a sujeita em retomada nativa começa uma caminhada linear e de verdade única, distanciando-se de seus saberes e identidades multiculturais e dos fundamentos da Ciência Encantada que opera pelo viés da encruza, do encante. 


Programação: 


Nutrir a Seiva da Corpa

Cena Ocupa

Instalação performática

Museu de Arte Contemporânea do Ceará (MAC-CE) - 28 de janeiro de 2025, às 19h30



Mandingueira

Cena Ocupa

Exposição individual

Museu de Arte Contemporânea do Ceará (MAC-CE)

19 de janeiro a 17 e março de 2025

Quarta a sexta, das 9h às 18h (com acesso até as 17h30), e aos sábados, domingos e feriados,

das 13h às 18h (com acesso até as 17h30)

Ingresso: gratuito


Farmácia Viva Grátis

Convocatória TJA

Performance

Theatro José de Alencar


12 e 13 de março de 2025, às 16h00

Ingresso: gratuito


Romaria para Reviver as Mortas

Cena Ocupa

Performance

Museu de Arte Contemporânea do Ceará (MAC-CE)

21 e 22 de março de 2025, às 16h00

Ingresso: gratuito



FICHA TÉCNICA

 

Atuação Makum[b(eira)]: Pedra Silva Cyber Ogan: DJ Bugzinha Kambonagem 

Cênica: Ilton Rodrigues

Iluminação: Li Coelho 

Produção: Elisa Carvalho



O Instituto Dragão do Mar

O Instituto Dragão do Mar é a primeira organização social de cultura do país, criada em 1998, com a missão de gerir o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (CDMAC). Em 2024, completou 26 anos, assumindo a responsabilidade de administrar um conjunto de dezesseis equipamentos (localizados na capital, Fortaleza, e no interior do Ceará), que compõem um valioso painel de projetos, incluindo uma diversidade de campos de conhecimento: artes, patrimônio cultural, gastronomia social, meio ambiente e esportes. Essa rede de equipamentos, gerida em parceria com a Secretaria da Cultura do Ceará, Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima e Secretaria do Esporte, reúne uma pluralidade de experiências de fruição e difusão cultural. Os equipamentos geridos pelo IDM têm por missão oferecer experiências de formação e fruição cultural em artes, patrimônio e memória, gastronomia social, esporte e meio ambiente. 

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