Estudo revela sobrecarga emocional, física e financeira de mães e cuidadores de autistas; especialistas alertam para a necessidade de políticas públicas e envolvimento da sociedade
A criação e o fortalecimento de redes de apoio para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e seus familiares vêm sendo apontados por especialistas como uma necessidade urgente no Brasil. De acordo com a pesquisa Retratos do Autismo no Brasil (Genial Care e Tismoo.me, 2022), 79% dos cuidadores não se sentem seguros quanto ao futuro dos filhos, 73% enfrentam dificuldades financeiras com os tratamentos e 68% não conseguem tempo para descanso.
Mais do que números, os dados revelam um cenário de exaustão, angústia e desamparo. Para profissionais da saúde e organizações da área, a rede de apoio, formada por pessoas e instituições que oferecem suporte prático, emocional e informacional, é essencial para garantir direitos fundamentais e a qualidade de vida das famílias.
“Não se trata de caridade, mas de uma responsabilidade coletiva”, destaca a pedagoga Fernanda Cavalieri, cofundadora da Associação Fortaleza Azul (Faz) e mãe de gêmeos autistas. “A ausência dessa rede pode gerar consequências graves, como isolamento, adoecimento mental, abandono parental e até casos de suicídio e homicídio”, complementa Fernanda.
Em situações de maior complexidade, como nos casos de autistas classificados com nível 3 de suporte, aqueles com grandes comprometimentos na comunicação e comportamento, os desafios são ainda maiores. O estudo “Implicações de uma maternidade atípica: estado psicossocial das mães de crianças autistas”, publicado na Revista Bionorte (2023), revela que 100% dessas mães se preocupam com as incapacidades adaptativas dos filhos, enquanto 82,4% abriram mão de realizações pessoais, 70,5% relatam sobrecarga emocional e 73,6% sobrecarga física.
“Apoiar quem cuida é cuidar do futuro de todos. A construção de políticas públicas efetivas e o engajamento da sociedade civil são caminhos essenciais para romper o ciclo de sofrimento silencioso vivido por milhares de famílias brasileiras”, conclui Fernanda.
Sobre a Associação Fortaleza Azul
A Associação Fortaleza Azul (Faz), instituição sem fins lucrativos, realiza um trabalho de acolhimento e inclusão junto às pessoas autistas e suas famílias, em parceria com profissionais da saúde, entidades governamentais e empresas. Além disso, a Faz realiza um o atendimento multidisciplinar e busca realizar ações que levem informações sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) para a população geral, como uma forma de conscientizar e diminuir os estigmas sobre os indivíduos que possuem a condição.
Entre as iniciativas estão projetos como a realização de palestras e capacitações que abordam a importância da inclusão de autistas na sociedade, por exemplo. A Associação também disponibiliza atendimento jurídico gratuito para associados ou não a Faz, que precisem de orientações nas áreas de educação e saúde, mais um passo na busca da efetivação dos direitos dos autistas. Esse atendimento é fruto de uma parceria com a Defensoria Pública do Estado do Ceará (DPCE) e acontece de forma presencial e agendada, por meio do contato: (85) 98186.4552.
A Faz está localizada na Rua Elizeu Oriá, 970 Sapiranga, Fortaleza - Ceará. Para os interessados em falar com a instituição, os contatos são: (85) 98186-4552 ou associacaofortalezaazul@gmail.
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