O Sindicato dos Médicos do Ceará denuncia novamente a crise enfrentada pelo Instituto Dr. José Frota (IJF), maior centro de urgência e emergência do Ceará. Em visita realizada na última quarta-feira (13), foram constatadas superlotação, falta crítica de medicamentos e insumos essenciais, além de condições precárias de trabalho para médicos e demais profissionais de saúde. A entidade já acionou o Conselho Regional de Medicina do Ceará (CREMEC) e o Ministério Público do Estado (MPCE), cobrando medidas imediatas para evitar o colapso do hospital.
Entre os medicamentos em falta, o Sindicato dos Médicos tomou conhecimento que o hospital não dispõe de analgésicos, como cetoprofeno e morfina, além da ausência de vasopressina. O desabastecimento inclui: ceftriaxona, ampicilina-sulbactam, piperacilina-tazobactam, meropenem, polimixina, sedativos, anticoagulantes, anti-hipertensivos, bicarbonato de sódio, omeprazol e outros inibidores de bomba de prótons.
“O hospital opera em condições insustentáveis, expondo pacientes e profissionais de saúde a riscos severos devido ao desabastecimento crônico”, alerta Dr. Luigi de Morais, presidente interino do Sindicato.
Atrasos nos pagamentos e ameaça de paralisação
Além do desabastecimento, a crise financeira atinge diretamente os médicos cooperados. Débitos acumulados pelo município já levaram à suspensão de serviços de ortopedia e traumatologia. Médicos da clínica geral ameaçam paralisar as atividades a partir de 1º de dezembro, caso os atrasos não sejam regularizados, além dos médicos anestesiologistas, que poderão paralisar serviços no IJF caso a situação financeira da cooperativa responsável não seja normalizada até 20 de novembro.
“A inadimplência e a precarização dos recursos afetam a qualidade do atendimento e a segurança de quem trabalha no IJF, assim como a celeridade e eficiência ao atendimento para os pacientes da instituição”, reforça Dr. Luigi.
Crise persistente há anos
O Sindicato aponta que os problemas do IJF são recorrentes. Desde 2023, o MPCE instaurou inquérito civil para investigar a situação, mas medidas efetivas ainda não foram implementadas. Além disso, profissionais relatam condições inadequadas no refeitório e repouso insuficiente para médicos plantonistas, que dividem as poucas camas disponíveis com outras categorias.
"Os problemas enfrentados pelo IJF não são recentes. Além disso, os constantes atrasos nos pagamentos aos médicos cooperados agravam ainda mais o cenário, ameaçando a continuidade dos serviços e comprometendo a qualidade do atendimento à população", destacou Dr. Luigi.
Para pressionar por soluções, o Sindicato já protocolou ofícios ao CREMEC, ao superintendente do IJF, José Maria Sampaio, e ao MPCE, solicitando intervenções urgentes. A entidade também acompanha movimentações judiciais para garantir que as demandas sejam atendidas.