Lesões invisíveis: microtraumas que só aparecem com o tempo



Nem toda dor é imediata, e nem toda lesão se revela de forma clara. No universo esportivo, seja entre atletas de alto rendimento ou praticantes ocasionais, há um tipo de agressão silenciosa ao corpo que passa despercebida até se tornar um problema crônico: os microtraumas. Pequenas lesões repetitivas nos músculos, tendões ou articulações podem se acumular com o tempo, comprometendo a performance e exigindo afastamento prolongado das atividades físicas.

Segundo o médico do esporte e especialista em lesões esportivas Dr. Abaeté Neto, os microtraumas surgem como resultado de movimentos repetitivos, sobrecarga inadequada ou recuperação insuficiente entre os treinos. “Essas lesões são sutis e, muitas vezes, não geram dor imediata. O problema é que, ao longo das semanas ou meses, o tecido lesionado não consegue se regenerar completamente, e o corpo passa a compensar com outros grupos musculares, o que pode agravar ainda mais o quadro”, explica o especialista.

Entre os exemplos mais comuns estão as tendinites, fascites plantares, fraturas por estresse e inflamações nos ombros e joelhos. Esses quadros são frequentes em esportes como corrida, tênis, beach tennis e musculação — modalidades que exigem repetição de gestos técnicos e impacto constante. “O atleta muitas vezes ignora um incômodo leve, acreditando que é apenas cansaço, mas esse é o primeiro sinal de alerta. O ideal é procurar avaliação médica antes que o microtrauma evolua para uma lesão mais grave”, reforça o Dr. Abaeté.

Outro ponto de atenção é o desequilíbrio muscular. Treinar intensamente apenas determinados grupos, sem fortalecer os músculos estabilizadores, aumenta o risco de microlesões. Além disso, fatores como falta de alongamento, técnica incorreta, calçados inadequados e ausência de descanso contribuem diretamente para o problema.

A prevenção, segundo o especialista, passa por um conjunto de medidas simples, mas essenciais: respeitar os limites do corpo, adotar treinos equilibrados, investir em períodos adequados de recuperação e realizar acompanhamento médico e fisioterápico regular. “O corpo dá sinais — pequenas dores, rigidez matinal, desconforto após o treino — e escutá-los é o primeiro passo para evitar que microtraumas se transformem em lesões graves e incapacitantes”, afirma.

Para o especialista, o cuidado com o corpo deve ser visto como parte do próprio treino, e não como uma etapa separada. “A performance só é sustentável quando há equilíbrio entre estímulo e recuperação. O atleta que entende isso garante não apenas longevidade esportiva, mas também qualidade de vida fora das quadras, pistas ou academias”, conclui.

 

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