Segundo Lucas Melo, especialista do setor de energia solar, a urgência não está mais em gerar, mas em escoar e armazenar essa energia. "Temos sol e vento em profusão para liderar a transição energética global. No entanto, de nada adianta essa abundância se não conseguimos levar a energia gerada no Nordeste para os grandes centros de consumo no Sudeste," afirma Lucas. Ele alerta que o Brasil corre o risco de se tornar a "potência verde presa ao chão", incapaz de usufruir de seu próprio recurso.
A gravidade do problema é sublinhada por estudos recentes que indicam que os cortes na geração renovável (curtailment), que é o desperdício de energia limpa por incapacidade da rede absorvê-la, podem aumentar em até 300% na próxima década, mesmo com projetos de transmissão em andamento. Essa ineficiência é o maior gargalo logístico do setor elétrico e coloca em cheque a estabilidade e a acessibilidade do sistema.
Para Melo, o debate da COP 30, que se concentrará em Financiamento Climático, precisa mirar pragmaticamente na infraestrutura. O Brasil precisa de investimentos maciços em duas frentes: expandir e modernizar a rede de transmissão e distribuição e avançar rapidamente em investimentos de baterias para armazenamento. "É fundamental que sejam realizados urgentemente os leilões específicos para tecnologias de baterias no Brasil. O armazenamento é uma das chaves para equalizar a intermitência da energia solar e eólica, garantindo a segurança do sistema e mitigando o risco de desperdício. Sem isso, a nossa posição de liderança mundial não se sustenta," conclui o especialista.

