Baianas do cinema e ciência também tem suas histórias de vida contadas na publicação
No tecido social de cada comunidade, há aqueles cujas ações transcendem o presente, moldando o futuro com visão e empenho incansáveis. São os arquitetos do amanhã, os visionários que dedicam suas vidas a construir um legado de mudança positiva. São pessoas que não se contentam em simplesmente existir no agora, mas sim que fazem da construção do futuro um compromisso diário. Assim é Jamira Alves Muniz, baiana de Salvador, nascida e criada na Península de Itapagipe e instalada numa região de manguezal, no bairro dos Alagados. Ela é uma das personalidades retratadas no livro recém lançado ‘Diálogos com o Futuro’.
Apesar do que o título possa sugerir, não se trata de uma obra de ficção científica. “Neste livro reunimos pessoas reais que vivem em seu tempo histórico e que são o que Paulo Freire chamaria de "sujeitos radicais", pois estão intimamente ligados ao conceito de conscientização e de práxis transformadora.”, disse Kátia Rocha, idealizadora do livro.
Jamira é uma dessas referências que luta pela educação e cultura em sua comunidade. Aos 8 anos, no final de 1960, ela já trabalhava como catadora nas ruas de Salvador. No caminho, além de pedaços de ferro, ossos e vidros que recolhia para vender, ela gostava de se distrair com as figuras coloridas das revistas de uma banca de jornais. O dono dessa mudou a história de Jamira, quando forneceu a ela alguns gibis, apresentando um novo universo. Ali ela aprendeu a ler, começou a mergulhar em um novo movimento, buscou leituras em direção a Jorge Amado. “Eu me vi como uma capitã de areia: rebelde de vez em quando, danada, ‘pidona’…”
Para Jamira, o bairro de Alagados, onde vive até hoje, era “feio demais”. Um professor fez ela mudar de percepção e dali nasce o desejo de levar educação para a comunidade. “A educação é assim: você dá o que tem de melhor”, conta a coordenadora do Espaço Cultural de Alagados desde 1989. O lugar oferece às crianças de um dos bairros mais vulneráveis de Salvador a possibilidade de ver a beleza que ela viu, sem desviar o olhar das mazelas.
Além da história de Jamira, o “Diálogos com o Futuro”, reconhece alguns pioneiros, cujo trabalho incansável está pavimentando o caminho para um “amanhã” melhor, como por exemplo a bioquímica Jaqueline Goes de Jesus. A baiana sequenciou o coronavírus em 48h. Ou então, Daiane Rosário, também cria da Bahia, fundadora da Mostra Itinerante de Cinemas Negros Mahomed Bamba (MIMB), que leva filmes produzidos por pessoas negras, indígenas e quilombolas a lugares diversos e distantes do centro da capital baiana.
A obra, escrita por Nathan Fernandes e Angélica Santa Cruz, com edição de Jeferson Sousa e Jonar Brasileiro, pode ser acessada gratuitamente através do site: https://projeto.redeeducare.com.br/dialogos-com-o-futuro. O projeto realizado pela Rede Educare e Selo Futuro visa divulgar projetos relacionados à economia circular, sustentabilidade, saúde, ciência, tecnologia, diversidade e conectados aos ODS – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, via Lei de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura.
Quem é a Rede Educare?
A Rede Educare nasceu em 2008 inspirada pela crença de que é possível transformar a realidade desde que pessoas, empresas, governos e organizações estejam imbuídos do mesmo propósito. Nesses 16 anos, tornou-se referência no Brasil em projetos de transformação social. Em outras palavras, a Rede Educare promove diálogos para modificar vidas.
Especializada em leis de incentivo, atua em todo o Brasil, tecendo encontros entre produtores e empresas que acreditam em cultura, esporte, saúde e ações sociais para realizar projetos inovadores de impacto social. “Hoje temos certeza do nosso propósito. Somos uma empresa diversa, com crenças, força e ideias. Sim, ideias mudam o mundo quando temos pessoas que querem realizar o novo”, comemora Kátia Brasileiro, CEO da Rede Educare.