A quinta etapa, com duração de quatro anos, tem como meta contribuir com a proteção da Caatinga e de sua biodiversidade, promovendo adaptação climática para famílias do semiárido.
Neste mês de setembro, a Associação Caatinga, organização da sociedade civil sem fins lucrativos, iniciou a quinta fase do projeto “No Clima da Caatinga (NCC)”, realizado em parceria com a Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental. Com duração de quatro anos, a iniciativa visa reduzir os impactos do aquecimento global por meio de ações integradas que abrangem a conservação do bioma, a adaptação climática de comunidades rurais, a proteção de recursos hídricos, da biodiversidade e o fortalecimento da sociobiodiversidade, reconhecendo a importância das comunidades locais na manutenção dos ecossistemas.
“Uma das estratégias fundamentais será dar continuidade à promoção do desenvolvimento local sustentável das comunidades rurais, visando aumentar sua resiliência frente às mudanças climáticas e à semiaridez”, destaca Daniel Fernandes, diretor executivo da Associação Caatinga. “Haverá também um incremento no apoio à pesquisa e proteção da biodiversidade, incluindo espécies ameaçadas de extinção, que pertencem aos Planos de Ação para Conservação de Espécies Ameaçadas (PANs). O tatu-bola, símbolo do bioma Caatinga é uma das espécies mais vulneráveis, terá atenção especial nesta nova etapa”, complementa Daniel.
Criado em 2011, o No Clima da Caatinga atua em oito municípios do Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte, com incidência direta em sete microbacias hidrográficas localizadas em Crateús (CE) e Buriti dos Montes (PI). A base de atuação é a Reserva Natural Serra das Almas (RNSA), maior Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) do Ceará, com 6.285 hectares de Caatinga preservada e reconhecida pela UNESCO como Reserva da Biosfera da Caatinga. Gerida pela Associação Caatinga e abrangendo também o Piauí, a RNSA beneficia diretamente cerca de 4 mil famílias de 40 comunidades rurais.
As ações do projeto estão organizadas em sete eixos estratégicos: criação e gestão de áreas protegidas, restauração florestal, incidência em políticas públicas ambientais, disseminação de tecnologias sociais para adaptação climática, educação ambiental, comunicação e fomento à pesquisa. Crianças de 0 a 6 anos, mulheres e jovens estão entre os públicos prioritários, reforçando o compromisso com o desenvolvimento local sustentável.
Daniel explica que entre as novidades desta fase estão a implantação de Sistemas Agroflorestais (SAFs), que promovem o uso sustentável do solo e a recuperação de áreas degradadas, e biodigestores, tecnologia que transforma resíduos orgânicos em energia limpa e fertilizante natural. “Além disso, o projeto intensifica o foco na educação ambiental voltada a jovens, incentivando o protagonismo e a consciência socioambiental das novas gerações”, destaca o profissional.
Conectado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), à Década da Restauração de Ecossistemas (2021-2030) e ao Marco Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal, o NCC reforça o papel estratégico da Caatinga no enfrentamento das mudanças climáticas. O projeto adota ainda o Modelo Integrado de Conservação, que alia prioridades ambientais e sociais. “Mais do que conservar a biodiversidade de fauna e flora, buscamos valorizar a sociobiodiversidade, reconhecendo o papel essencial das comunidades tradicionais na manutenção do equilíbrio do ecossistema”, conclui Daniel Fernandes.
Destaques da quinta fase do projeto “No Clima da Caatinga”
• Plantio de 8 mil mudas: 4 mil destinadas à Reserva Natural Serra das Almas (RNSA) e 4 mil às áreas de instalação dos Sistemas Agroflorestais (SAFs), priorizando espécies nativas da Caatinga e frutíferas. Prioritariamente, as mudas terão raízes de até 1 metro, técnica que aumenta a taxa de sobrevivência de 30% para 70%.
• Conservação e gestão de Unidades de Conservação: incluindo a Reserva Natural Serra das Almas, a maior do Ceará, e outras sete RPPNs criadas em fases anteriores do projeto, que juntas somam 6.459,55 hectares.
• Tecnologias sociais: distribuição de SAFs, cisternas de placas, fogões ecoeficientes, canteiros biosépticos, biodigestores e incentivo à meliponicultura (criação de abelhas nativas da Caatinga).
• Educação ambiental: formação de professores e famílias, com acompanhamento psicopedagógico
• Pesquisa científica: proteção de espécies ameaçadas, como o tatu-bola, onça-parda, periquito cara-suja e monitoramento da fauna e flora da Caatinga.
• Fomento a políticas públicas: incentivo ao Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) e apoio à criação de novas Unidades de Conservação.
• Comunicação e engajamento social: campanhas que fortalecem a imagem da Caatinga como bioma exclusivamente brasileiro.
• Mitigação de impactos climáticos: o projeto prevê a redução estimada de 2.390 toneladas de CO₂ por ano e proteção de 6.459,55 hectares de Caatinga.
• Impacto social: benefícios diretos e indiretos para mais de 7.900 pessoas, com fortalecimento do ecoturismo e geração de renda sustentável para as comunidades locais.
Principais números do projeto desde a sua implantação, em 2011
• 33.309 pessoas diretamente atendidas
• 117.409 pessoas impactadas por ações de educação ambiental
• 1.038 tecnologias sociais disseminadas
• 40 comunidades rurais beneficiadas
• 80 escolas envolvidas nas ações do projeto
• 117.760 mudas de espécies nativas plantadas
• 6.442,53 hectares de Caatinga preservados
• 6 unidades de conservação criadas
• 1.647.245 toneladas de carbono estocado na Serra das Almas
• 15 espécies ameaçadas de extinção protegidas
• 03 prêmios nacionais e 02 tecnologias sociais certificadas pela Fundação Branco do Brasil
• 4,7 bilhões de litros de água produzidos anualmente por meio de escoamento evitado a partir da proteção da Reserva Natural Serra das Almas.
Sobre a Associação Caatinga
A Associação Caatinga é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, cuja missão é conservar a Caatinga, difundir suas riquezas e inspirar as pessoas a cuidar da natureza. Desde 1998, atua na proteção da Caatinga e no fomento ao desenvolvimento local sustentável, incrementando a resiliência de comunidades rurais à semiaridez e aos efeitos do aquecimento global.